Mendigo e Gluglu no Show do Tom

As voltas que o mundo dá... Carlos Alberto da Silva e Vinícius Vieira sempre foram os rebeldes do Pânico na TV!. Eles mesmos dizem que brigavam pela união do grupo, que demoraram a contratar empresário próprio e que se recusavam a plantar notinhas na imprensa. Como conseqüência, eram tratados como coadjuvantes na atração da Rede TV!. Uma vez que mudaram para o Show do Tom, da Record, os humoristas sentiram a mudança: assinaram contrato com uma gravadora para lançar um CD e ainda negociam um programa em uma rádio concorrente da Jovem Pan. Enquanto isso, o Pânico na TV! voltou das férias com audiência abaixo da habitual.Os intérpretes de Mendigo (Silva) e Gluglu (Vieira) não querem alimentar essa comparação. Frisam que não saíram brigados da Rede TV! e que a amizade com os ex-colegas de programa até melhorou depois da dissidência. Agora, explicam, não precisam mais competir lá dentro. Mas sabem que a justificativa contradiz um pouco a versão de que o Pânico seria um grupo unido. “O Pânico não é grupo nem equipe, como o Casseta & Planeta. Quem está lá é fornecedor de conteúdo. O Pânico tem dono, que são o Emílio Surita e o Tutinha (dono da Jovem Pan). O resto são prestadores de serviço”, diz Carlos Alberto. “Quando a gente começou, todo mundo era muito amigo, mas quando entra dinheiro, esse negócio de vaidade, de ego, acabamos nos distanciando um pouco.”Desigualdade-A parceria entre os dois humoristas transcendia o quadro “Vô, num vô”. Segundo Vinícius, ambos sempre foram mais chegados. À dupla, incomodava um pouco o fato de haver diferença de salário, de espaço, de repercussão na mídia. Um integrante dava entrevista, o outro não; outros combinavam ir ao cinema ou a um restaurante sem convidá-los... Eles não gostavam: “Às vezes, a gente pensava: ‘Os caras não chamaram a gente’”, diz Vinícius. “A gente sempre foi meio revoltado, eu e ele. Tínhamos essa cabeça de igualdade.”Quando os quadros da dupla começaram a crescer no Ibope, veio o convite da Record. Inesperado? Por um lado, sim, eles dizem. Afinal, estavam acostumados com a rotina do Pânico. Por outro lado, sabiam que seus personagens estavam em boa fase, mesmo sem serem considerados as maiores estrelas do programa. “Qual quadro que ia ao ar antes de Silvio e Vesgo? O nosso. A gente pegava com 6 e levava para 11 (pontos de audiência). Um dia, entramos com 3 pontos e chegamos a 11. Tem noção do que é isso? Aí o diretor falava que a gente tinha que gravar mais. Eu já estava saturado. Mas o povo não estava”, desabafa Carlos Alberto.Os mesmos quadros feitos pela dupla na Rede TV! migraram para a Record. Mendigo, Merchan Neves, Gluglu, Mano Quietinho e todos os outros tipos interpretados por eles agora estão na atração comandada por Tom Cavalcante. O humor escrachado continua, mas deixa de ser a única nota. A censura na Record é maior, porque o programa vai ao ar mais cedo, às 17h de domingo. Tudo o que Silva e Vieira fazem é avaliado pelo departamento jurídico da emissora. Entra agora na rotina de Mendigo e Gluglu o roteiro, antes quase desconhecido.Segundo a dupla, a espontaneidade tem de conviver com piadas mais ensaiadas. “A gente ficou rotulado no Pânico. Era só escracho, pegar o artista e dar microfone na hora, aquele sarcasmo. Agora podemos diversificar”, explica Vinícius. A maior mudança foi a participação em quadros ensaiados, mas eles também pretendem fazer trabalhos mais factuais, como imitações de reality shows que devem ir ao ar durante o ano.
Fonte: Divirta-se/Mexerico