Emílio concede entrevista ao Jornal O POVO

Pergunta - Vocês têm momentos em que pensam em novos projetos, talvez em outra emissora?
Emílio Surita - Eu tenho consciência de que o "Pânico", do jeito que é só existe porque está na Rede TV!, pela liberdade que tem. A vantagem da Rede TV! é que ela não se preocupa com esse negócio de: "Olha, meu artista não vai lá". Mas a televisão vai morrer, vai morrer com a internet. Ela fica nesse negócio quadradinho, a novelinha, o jornal.

Pergunta - Você não toparia mudar de emissora?
Emílio - Eu não toparia. Vai para o "Casseta", pergunta lá para eles o que é fazer humor na Globo. É difícil. Não porque eles não são bons, eles são ótimos, mas têm a cartilha que precisam seguir.

Pergunta - Como você avalia o momento atual do "Pânico"? Falou-se muito em vocês ultimamente por conta da tentativa de renovar o contrato com o Silvio Santos...
Emílio - Olha, sempre foi assim. Eu faço programa de rádio aqui há 15 anos, e é sempre a mesma coisa. Termina um ano e falam: "Agora está chato, não está legal". Aí vem uma outra fase. O "Pânico" vai mudando.

Pergunta - Você se considera o líder da Turma do Pânico?
Emílio- Não. Sou o zelador. Porque é assim: a molecada gosta de coisas ousadas, mas quando estamos dando 15 pontos, penso que estão a avó do moleque, ele, o pai e a mãe assistindo. Então, não vou pôr certas coisas porque vai constranger.

Pergunta - Como você vê a evolução dos humoristas do "Pânico"?
Emílio - O Carioca, por exemplo, hoje é um artista. Ele chegou aqui, era um molecão. O Ceará já era um humorista, mas não tinha tido a oportunidade. Porque todo mundo precisa de um diferencial, que no caso dele foi a dentadura. Eu fiquei apaixonado. A Sabrina veio do ôBig Brother®, não tinha experiência.

Pergunta - Mas até a inexperiência deles foi explorada...
Emílio- É, porque todos os personagens são autênticos. Por exemplo, o Carlinhos [Mendigo] é daquele jeito e o Bola também. Não temos um texto que a gente faz. Aqui não tem isso.

Pergunta - Tem algo que você colocou no ar e acha que errou?
Emílio - Não sei... é difícil fazer humor. É muito subjetivo. Agora estão querendo fazer a classificação indicativa. E dizem que vai ser bom porque vão dar parâmetros, mas são parâmetros deles. Fica aquele negócio: na Globo pode tudo. Pode peitinho na novela. Porque a Globo é bonita. Ela coloca uma luz bonita. O biquininho da Sabrina não podia.

Pergunta - Você cuida da parte burocrática também?
Emílio - Não. O "Pânico" é do Tutinha (Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, dono da Jovem Pan). Mas não é independente, a gente trabalha junto com a Rede TV! e recebe dos dois.

Pergunta - Quem cria os roteiros?
Emílio - A criação é conjunta total. Temos redatores, só que, como a gente tem uma equipe muito pequena de criação, todo o elenco também cria. Então, a gente se reúne com todo mundo, editor, câmera. A idéia vai se desdobrando e melhorando.
Materia do Jornal O POVO.